8M: Mulheres vão às ruas de todo o país lutar por igualdade salarial, democracia e fim de toda a violência de gênero

Data dá início à Jornada de Lutas do MAB, que também inclui o 14 de Março, Dia internacional de Luta em Defesa dos Rios, contra as Barragens, pela Água e pela Vida, e o 22 de março, Dia Mundial da Água


Nesta sexta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, os atos em defesa da democracia brasileira, com o lema “sem golpe, sem anistia e sem misoginia” ocupam endereços tradicionais de mobilização política em todo o país, como a Candelária, no Rio de Janeiro (RJ), o MASP, na Avenida Paulista, em São Paulo (SP), e a Esquina Democrática, em Porto Alegre (RS). Diversas frentes, sindicatos e movimentos da sociedade civil como o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) participam das mobilizações que pedem igualdade salarial e o fim de todos os tipos de violência contra as mulheres. Estudo divulgado nesta quinta-feira (7) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra que pelo menos 10.655 mulheres foram vítimas de feminicídio no país de março de 2015, quando a lei sobre o tema foi criada, a dezembro de 2023.

Além das manifestações contra a violência de gênero no Brasil, muitos atos no país pedem o cessar fogo contra a população em Gaza. Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), já são nove mil mulheres assassinadas pelo Estado de Israel. A ONU Mulheres alerta que, sem o fim da violência, cerca de 63 mulheres podem ser mortas diariamente. Os dados da entidade apontam que 37 mães são mortas a cada dia, deixando as famílias desamparadas e filhos em vulnerabilidade. Dalila Calisto, integrante da coordenação nacional do MAB, explica que a data é muito importante para as atingidas por barragens que sofrem violações sistemáticas de direitos promovidas por grandes empreendimentos.

“O dia 8 de março é o dia em que nós, mulheres, atingidas nos somamos às mulheres da classe trabalhadora de todo o mundo e ocupamos as ruas para denunciar a violência estrutural que sofremos nesta sociedade capitalista. Além disso, nesse dia, damos início à nossa Jornada de Lutas do MAB com nossas bandeiras contra as privatizações, os altos preços das tarifas de energia e as violações de direitos humanos praticadas pelos detentores das barragens que afetam, principalmente, a vida das mulheres”, afirma Calisto.

Durante os atos, as mulheres atingidas também denunciaram os principais impactos causados pelas barragens em suas vidas, especialmente em territórios afetados pelos rompimentos da Bacia do Paraopeba e do Rio Doce. “Há oito anos, estamos vivendo com água contaminada para irrigação, pra tomar tomar banho, pra pesca, para tudo. Os metais pesados causaram consequências irreparáveis na nossa saúde, principalmente para as mulheres e crianças. Tivemos um aumento expressivo no índice de câncer, aborto e problemas na saúde mental da população”, afirma Girlene Guasti, atingida da comunidade Palhal, município de Linhares/ES.

Igualdade Salarial

Em boletim do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), publicado ontem (07) o órgão ressalta os problemas da inserção da mulher no mercado de trabalho, como taxas de desemprego mais altas, menores salários, dificuldades de crescimento profissional e maior informalidade. O estudo, porém, aponta alguns avanços no último período. Em 2023, a lei da igualdade salarial buscou criar parâmetros para enfrentar a falta de isonomia de salário entre homens e mulheres. “O ambiente democrático, pós-eleição de 2022, propiciou condições para o avanço da negociação coletiva, não apenas elevando os salários, mas também possibilitando a discussão das cláusulas de igualdade de gênero”, aponta a estudo.

“Por isso, na pauta de reivindicações deste 8 de março, também estão o combate ao assédio moral no local de trabalho, a igualdade salarial, a ratificação das convenções 190 e 156 da Organização Internacional do Trabalho (sobre Igualdade de Oportunidades e de Tratamento para Homens e Mulheres Trabalhadores) e o fortalecimento das candidaturas femininas e feministas e economia do trabalho para aumentar a representatividade política das mulheres”, explica Dalila.

Lutadoras do MAB


Nos atos promovidos pelo MAB, o Movimento também fez uma homenagem à memória de militantes que morreram na luta pela democracia e pelos direitos humanos das comunidades atingidas. “São elas Nicinha, Dilma Ferreira, Berta Cáceres, Flávia Amboss e Debora Moraes, atingidas por barragens, mulheres que nos inspiraram com sua luta e resistência. Assim como milhares de mulheres brasileiras, latinas e lutadoras que constroem as fileiras da luta popular e dedicam a vida para a construção de um mundo mais justo”, afirma Dalila.

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